“Viver
pra mim é Cristo”
Diaconato
e entrega
A vida é uma desafiadora aventura, na qual, o homem é
chamado a descobrir dia após dia a quem pertence e a entregar-se a esse alguém.
A entrega da própria vida é algo sublime, isso pode ser visto todos os dias por
aqueles que são capazes de elevar seus olhos e contemplar a cruz do Senhor.
Talvez essa não seja a definição mais precisa sobre o diaconato, mas é a
experiência que tenho realizado nesse tempo, uma vida de entrega conduzida pelo
Espírito.
É encantador
perceber como São Paulo adentrou nesse mistério de entrega, mistério de morte e
vida, mistério de tudo e nada. Em suas cartas ele insiste em se definir como
apóstolo de Jesus Cristo, é impossível pensar sua identidade sem essa pertença,
sem Jesus, Paulo compreende que não é nada, por isso, essa definição é uma
necessidade vital e radical em sua vida. Dessa nova vida que experimenta São
Paulo tira como consequência a grande máxima: “Viver para mim é Cristo e morrer
é lucro” (Fl 1,21).
Primeiramente, é impossível pensar essa vida nova vinda
da eleição divina sem a correspondência humana, à escolha de Deus cabe o eis-me
aqui do homem, eis-me aqui que se inicia com o Santo Batismo e que na minha
vida amadureceu com a participação na vida da Igreja, especialmente no Grupo de
Oração Príncipe da Paz, quando num momento de oração cada um de nós que
aspirava entrar na equipe de serviço respondeu seu eis-me aqui, assumindo uma
vida de serviço Àquele que se fez servo por amor a nós, Jesus. Por outro lado,
aos poucos fui aprendendo que a perseverança nessa entrega a Deus não poderia
se sustentar sem apoio da comunidade, no meu caso, os servos do próprio Grupo,
amigos e familiares. A fé é adesão pessoal e também comunitária a Deus e ao seu
Reino. Papel especial nesse caminho realizou o Ministério para Seminaristas (RENASEM).
Uma lição muito importante para àqueles que entram no
seminário é jamais esquecer suas origens e suas raízes, pois sem raízes fortes
e profundas a árvore, por mais frondosa que seja, não consegue resistir muito
às tempestades, e essas não faltam no caminho daqueles que querem ser
verdadeiros seguidores do Senhor Jesus.
O Ministério para Seminaristas me proporcionou descobrir
que no caminho de amadurecimento vocacional, certos valores são inegociáveis.
Assim, sendo eu um Diácono da Igreja, continuo a me considerar um aprendiz que
mantêm aceso o desejo de santidade, o desejo de uma vida no Espírito e o desejo
de renovação da Igreja para que ela seja mais concorde com o desejo de seu
Divino Fundador. Continuo encantado com os dons e carismas que Deus derrama
sobre seus amigos, um Deus que acredita em nós sempre.
Em cada Retiro que participei com o Ministério para
Seminaristas, seja estadual ou nacional, pude testemunhar a renovação que Deus
têm realizado entre seminaristas e sacerdotes, homens tementes à Sua vontade e
que transformaram a máxima do Apóstolo em sua própria vida: “Viver para mim é
Cristo e morrer é lucro” (Fl 1,21). Seminaristas santos, alegres, ousados.
Quanto aprendizado nas pregações desses retiros, quantas amizades
estabelecidas, quanta restauração na própria vocação que às vezes se via
desgastada pelas provações do caminho. O RENASEM é verdadeiramente uma obra de
Deus, muitos sacerdotes hoje formados tiveram a graça de se alimentar nessa
fonte.
Tenho repetido muitas vezes nesse tempo que não
compreendo a Ordenação Diaconal como um fato isolado. Se chego a esse momento,
não o faço sozinho, mas juntamente com àqueles que me acompanharam e que
estiveram ao meu lado ao longo desses anos. Nos retiros para seminaristas
aprendi que ser Diácono significa servir como Jesus no lava-pés e pregar a Boa
Nova do Reino de Deus com toda unção do Espírito Santo.
Que Maria Santíssima, a Cheia de Graça, possa nos
conduzir cada dia ao Cenáculo para junto dela fazermos a experiência de uma
vocação renovada.
A todos vós graça e paz da parte de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
São Lourenço, Rogai por nós!
Diácono Paulo Henrique de Alencar
Arquidiocese de Londrina
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